domingo, 9 de maio de 2010

Leucita

"A Leucita é da família dos silicatos naturais, é um silicato de Alumínio e Potássio"
        (  fórmula: K2O.AL2O3.4SiO2)

P E S Q U I S A
Made in BrazilPorcelana para restauração feita com matéria-prima local: um dos primeiros passos para nacionalização de insumos .
CD Vinícius Bemfica Barreira Pinto e Tsuneharu Ogasawara
No Laboratório de Cerâmicas Dentais do PEMM, são estudados diversos tipos de cerâmicas odontológicas. O doutorando Vinícius Bemfica Barreira Pinto trabalha em uma proposta alentadora para a indústria brasileira. “Estamos tentando desenvolver uma vidrocerâmica odontológica com matéria-prima nacional” explica o pesquisador. A matéria-prima utilizada é o mineral feldspato, que vem de mineradoras do Nordeste e é beneficiado por engenheiros do Centro de Tecnologia Mineral (Cetem), do Ministério da Ciência e Tecnologia e que fica no campus da UFRJ.
A pesquisa já passou pela caracterização da matéria-prima. Sua composição química foi aprovada nas análises e confirmou-se que se trata de um mineral adequado para a produção de porcelana com cristais de leucita, o que oferece maior resistência ao material.
Também foram realizados testes para verificar se a vidrocerâmica se conformava bem na prensagem a quente, além de estudos das variáveis de cristalização do material, para se ter maior controle sobre suas propriedades. Futuramente, completa o pesquisador, também serão realizados estudos clínicos. O orientador da pesquisa é o coordenador do Laboratório de Materiais Dentários, o engenheiro Tsuneharu Ogasawara.
Bemfica argumenta que a pesquisa e o desenvolvimento de biomateriais odontológicos é uma tendência mundial, mas ainda é algo bastante novo no Brasil, havendo poucas faculdades de Odontologia com estudos nessa área. Consequentemente, o mercado é dominado pelos produtos importados, que têm um preço bastante elevado.
Assim, a porcelana desenvolvida no Laboratório de Cerâmicas Dentais da UFRJ, uma das primeiras desse tipo produzida no Brasil, tem importante papel, pois faz parte de um grupo de novos produtos nacionais que amplia a participação do País no ramo dos biomateriais, tanto odontológicos como médicos. Além disso, por ser resultado de pesquisa realizada no Brasil e ainda à base de matéria-prima nacional, a porcelana feldspática poderá ser vendida por um preço menor que os importados.
Engenharia clínica
A escolha de Bemfica pela Engenharia foi motivada por diversos fatores, “Foi uma tentativa de buscar uma saída na Odontologia, porque alguns campos já estavam saturados. Além disso, a pesquisa sempre me interessou e queria conhecer melhor os equipamentos e produtos odontológicos”.
O pesquisador começou seu mestrado no PEMM em 2001 e, mesmo tendo encontrado alguns colegas por lá, a entrada de um cirurgião-dentista na Engenharia ainda era uma novidade e nem sempre bem-vista. “Fui até criticado por professores da Odontologia que achavam que a área não tinha vínculo com minha formação”. Mas, para ele, a pesquisa em biomateriais tem uma relação direta e importante com a Odontologia clínica, pois o melhor conhecimento do material usado no paciente, entendendo qual o seu comportamento ao longo dos anos, aumenta as chances de sucesso no consultório. Bemfica acrescenta que a solução de algumas pesquisas clínicas, que também considera muito importante, pode estar em laboratórios como o de Cerâmicas Dentais da UFRJ. “Antes, o estudo da ciência dos materiais odontológicos estava só nas mãos dos engenheiros, agora já há cirurgiões-dentistas envolvidos.”
Bemfica recebe bolsa de pesquisa do CNPq e recentemente, depois que a entidade autorizou seus bolsistas a prestarem concurso para professor substituto, começou a dar aulas no Departamento de Prótese e Materiais Dentários da Faculdade de Odontologia da UFRJ. Sua vontade maior é seguir carreira acadêmica e estar sempre próximo da pesquisa. Ele não descarta totalmente a clínica odontológica, mas tem dúvidas se conseguiria ficar no consultório todos os dias.
Desbravando o mercado
A criação do Laboratório de Cerâmicas Dentais no PEMM, em 2004, mostra que, aos poucos, o País está se voltando e investindo na pesquisa em biomateriais odontológicos. Os recursos para a montagem e manutenção da infra-estrutura do laboratório vieram do Programa de Apoio a Núcleos de Excelência (Pronex) da Fundação Carlos Chagas Filho, e o investimento foi de cerca de R$ 500 mil.
O projeto desse centro de pesquisa em cerâmicas dentais foi desenvolvido pelo professor Tsuneharu Ogasawara, orientador de Vinícius Bemfica e coordenador do laboratório. O objetivo do projeto é nacionalizar os insumos das porcelanas odontológicas, principalmente os utilizados nas restaurações dentárias de ligas metálicas e de cerâmica revestidas com porcelanas feldspáticas, e diminuir o custo desses materiais.

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